Comunicadores do Chile, Argentina, Uruguai e Brasil estão reunidos em Buenos Aires por três dias para discutir comunicação e realizar a cobertura colaborativa de diversas atividades político-culturais. O evento é preparatório para o Facción, que ocorrerá em julho desse ano, também em Buenos Aires, e teve ontem a participação do Coletivo Intervozes na mesa sobre comunicação e direitos humanos.

Representando o Intervozes, a jornalista Mônica Mourão fez um breve panorama das perdas de direitos sociais, especialmente na área de comunicação, desde o golpe parlamentar que levou Michel Temer à presidência. Também apresentou quais as principais lutas empreendidas no momento na defesa do direito humano à comunicação, como a denúncia da intervenção do governo ilegítimo na Empresa Brasil de Comunicação (EBC), a campanha por uma internet livre e contra os projetos de lei que cerceiam a privacidade junto com a Coalizão Direitos na Rede, a atuação do Intervozes com o Ministério Público contra os políticos donos da mídia e a mobilização por uma Mídia sem Violações, contra o desrespeito aos direitos humanos nos programas policialescos.

“A comunicação não é um instrumento de ação política, é ela mesma ação política”. A ideia, em consonância com a atuação do Intervozes, é do fundador da Telesusr Aram Aharonian. Ele provocou a plateia ao afirmar que o grande problema do campo popular é que “não temos uma agenda própria, seguimos a agenda do inimigo”. Para Aharoninan, precisamos reagir construindo, de forma que nossa militância seja também alegre e possibilite o envolvimento da juventude.

Porém, ele foi bastante crítico da atuação de comunicadores progressistas, apontando que têm grandes dificuldades de trabalhar coletivamente. Yair Cybel, que trabalha na Telesur e faz parte do coletivo Grito del Sur, também apontou um problema dos midiativistas. “Fazemos mais comunicação para convertidos do que para converter”, afirmou.

Antonio Jaén Osuna, especialista em Comunicação do Centro pela Justiça e o Direito Internacional, falou principalmente sobre o desafio de se construir pontes entre dois mundos dos direitos humanos que parecem separados, o das cortes e das mobilizações sociais. Um caso que conseguiu superar esse distanciamento foi o da campanha “No a la baja”, apresentada por Marta González, do grupo ProDerechos, do Uruguai. Em uma articulação de mobilização política nas ruas e nas redes, a campanha contra a diminuição da maioridade penal no Uruguai foi vitoriosa. Com 58% de votos negativos, os uruguaios afirmaram, em plebiscito realizado em 2014, que eram contrários à redução.

Pela vida das mulheres

Como parte das atividades do Pré-Facción, os midiativistas realizarão, hoje e amanhã, a cobertura colaborativa de diferentes atividades, a maioria organizada por grupos feministas. Hoje, ao meio dia, haverá uma intervenção feminista no Banco Central e, às 17h, o Abraço das Trabalhadoras Sexuais ao Congresso. Amanhã, as mulheres do #NiUnaAMenos organizam mais uma marcha contra o feminicídio.