De 15 a 18 de outubro, Juazeiro, na Bahia, foi palco do 13o Congresso Brasileiro de Agroecologia, promovido pela ABA – Associação Brasileira de Agroecologia. O encontro reuniu cerca de 6 mil pessoas e teve como tema “Agroecologia, Convivência com os Territórios Brasileiros e Justiça Climática”. Foi a primeira vez que o semiárido brasileiro recebeu o encontro.
Foram mais de 2.700 trabalhos inscritos nessa edição e apresentados durante o Congresso. Dentre eles, foi trazida a experiência do Intervozes com o projeto “Vozes Silenciadas – Energias Renováveis”. Apresentado por Alfredo Portugal, membro do Intervozes e que também integra a ABA e o MPA – Movimento dos Pequenos Agricultores, o “Vozes Energias” traz um estudo sobre a cobertura da mídia nacional acerca dos empreendimentos que os veículos chamam de “energias limpas”.
A exposição da pesquisa foi compartilhada junto com outras 14 experiências, em sua maioria ligadas à comunicação popular no Maranhão, na Zona da Mata, na Teia dos Povos e da região árida e semiárida próxima a Juazeiro. “Projetos de guarda de memória em ambientes virtuais; metodologias de coberturas colaborativas; a metodologia de construção da editora independente da Teia; produção de podcasts e programas de rádio pró-semiárido; projetos de livros sobre arte, botânica e culinária no sertão. Enfim, foi uma experiência muito rica o compartilhamento desses saberes e sobretudo poder debater os cruzamentos entre os projetos e entre o tema do congresso”, destacou Alfredo.
Também representando o Intervozes, Eduardo Amorim apresentou sua experiência na disciplina de Comunicação e Expressão, em que destaca a importância dos saberes acentrais e da valorização de conhecimentos quilombolas e indígenas na agroecologia. Na oportunidade, ele apresentou o vídeo “A Pornunça”, estimulando os jovens a gravarem com os mais velhos da comunidade sobre o conhecimento e uso de plantas. A atividade resultou em uma troca de sementes e mudas, além do plantio no local do encontro.
Eduardo participou de rodas de conversas sobre tecnologia e destacou uma roda de mulheres em que Dona Nivalda, do Assentamento Mandacaru, em Petrolina, relatou a experiência sobre os impactos dos agrotóxicos em sua vida e a alternativa encontrada a partir do uso de inseticidas biológicos.
Movimento da Mulher Trabalhadora Rural (MMTR)
O MMTR-SE também esteve presente no congresso, representadas por Verônica Santana e Edna Celestino. O MMTR-NE é parceiro do Intervozes na realização do projeto “Territórios Livres, Tecnologias Livres”, uma iniciativa que também conta com a Conaq e promove um mapeamento do acesso, usos e concepções sobre a internet e as tecnologias de comunicação e informação por comunidades quilombolas e rurais do nordeste brasileiro.
No congresso, Verônica e Edna participaram da plenária de mulheres, “onde podemos demonstrar toda força e protagonismos das mulheres em torno de nossas pautas: sem feminismo, não há agroecologia e pela divisão justa do trabalho doméstico e do cuidado”, destacou Verônica. Ela também apresentou o projeto de aplicativo “Do Quintal à Cozinha: conectando saberes e fazeres na produção de alimentos”, que vem sendo construído em parceria com o Intervozes e Coolab, com o objetivo de “trazer as vozes das mulheres na ocupação deste espaço da web e suas lutas pela democratização da comunicação”, afirmou. Verônica também reforçou a importância do espaço para refletir sobre os desafios na construção de tecnologias que fortaleçam os territórios e seus modos de vida, sem abrir mão de sua autonomia.