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2025: um ano de incidência, produção e articulação em defesa do direito à comunicação

2025: um ano de incidência, produção e articulação em defesa do direito à comunicação

Ao longo do ano, o Intervozes atuou de forma articulada na produção de conhecimento, na incidência política, na formação de comunicadoras e comunicadores, no fortalecimento de redes nacionais e internacionais e na disputa pública por uma comunicação mais democrática, diversa e comprometida com os direitos humanos.

O coletivo também dedicou tempo e energia a olhar para si, fortalecendo processos internos por meio da realização da Assembleia Anual, em São Paulo, e de três encontros virtuais ao longo do ano, voltados à preparação da próxima assembleia e à construção do planejamento estratégico de 2026.

Esta retrospectiva reúne os principais eixos que marcaram o ano, combinando dados, registro de agendas, publicações e projetos que expressam a atuação do Intervozes em diferentes territórios e frentes de luta.

Incidência pública através de artigos 

O Intervozes publicou 58 textos em diferentes plataformas, consolidando uma produção editorial que se destacou pela diversidade temática e pela capacidade de conectar comunicação, política, direitos e território:

  • 21 artigos na coluna da CartaCapital;
  • 17 artigos na coluna do Le Monde Diplomatique Brasil;
  • 9 artigos publicados em parceria com outros veículos (Brasil de Fato, Revista Afirmativa, Alma Preta, AzMina e Observatório da Mineração);
  • 11 textos publicados no site do próprio Intervozes.

Eixos temáticos recorrentes

1. Regulação de plataformas, soberania digital e poder das big techs
Uma parte significativa dos artigos analisou o avanço das plataformas digitais, os desafios da regulação, a captura de políticas públicas por interesses privados e os impactos da dependência tecnológica.

2. Comunicação, clima e justiça socioambiental
A relação entre comunicação, crise climática e desigualdades estruturais foi outro eixo central. Os artigos abordaram a desinformação, cobertura midiática e disputas de narrativas no âmbito dos debates sobre justiça climática.

3. Direitos das mulheres, gênero e enfrentamento à violência
A produção editorial trouxe análises sobre misoginia, violência de gênero, desinformação como estratégia política, ataques a jornalistas mulheres e a importância de uma comunicação emancipadora.

4. Infância, adolescência e proteção no ambiente digital
Outro bloco relevante tratou da proteção de crianças e adolescentes, discutindo publicidade ilegal, responsabilização de empresas, regulação de conteúdos, ECA Digital e os limites entre liberdade de expressão e o dever do Estado na garantia de direitos.

5. Mídia, democracia e heranças autoritárias
Textos sobre o sistema de radiodifusão brasileiro, concentração midiática, relação entre mídia e poder político, memória da ditadura civil-militar e riscos autoritários contemporâneos reforçaram a perspectiva histórica e estrutural do Intervozes sobre a comunicação no Brasil.

6. Territórios, raça, povos tradicionais e comunicação popular
A produção também deu centralidade a vozes historicamente silenciadas: populações negras, indígenas, quilombolas, moradores de favelas e territórios tradicionais. Estudos, pesquisas e artigos abordaram violência, invisibilização, direito ao território e experiências de comunicação popular e comunitária.

Além das publicações originais, dois textos foram traduzidos pela APC para o inglês e o espanhol, respectivamente, ampliando o alcance internacional da produção do Intervozes.

Incidência política e participação institucional

Em 2025, o Intervozes ampliou sua presença institucional ao eleger membros para o Conselho Gestor do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (FUST) e para o Comitê de Participação Social, Diversidade e Inclusão (CPADI) e Comitê Editorial e de Programação (COMEP) da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), além de ser indicado como membro titular do Observatório da Violência Contra Jornalistas do Ministério da Justiça. Nesse período, o coletivo também atuou na articulação política que resultou na eleição de entidades parceiras para o CGI.br e para a Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD), reforçando seu papel estratégico na defesa do direito à comunicação e na incidência em espaços de governança pública.

O Intervozes também teve papel ativo na Coalizão Direitos na Rede (CDR), contribuindo com seu planejamento estratégico, execução de ações e tomadas de decisões. No Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), o Intervozes encerrou seu ciclo na coordenação executiva, mas segue fazendo parte dessa rede, contribuindo ao lado de outras organizações. 

O coletivo também está representado no Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH), na Plataforma Dhesca, na Rede de Proteção de Jornalistas e Comunicadores, na Frente em Defesa da EBC, na campanha Tire Meu Rosto da Sua Mira, no Observatório de Transmissão dos Futebóis e em redes locais, a exemplo do Observatório de Mídia Sobre Violência Contra a Mulher, na Paraíba.

Articulação nacional e internacional

O Intervozes participou de  uma intensa agenda de articulação em rede, no Brasil e no exterior. Integrantes do Intervozes participaram de encontros e eventos internacionais, como o RightsCon 2025, além de atividades na Costa Rica, na China (BRICS) e em articulações globais sobre integridade da informação, direitos digitais e democracia.

No Brasil, o coletivo esteve presente em espaços estratégicos como:

  • o Fórum da Internet no Brasil (FIB);
  • o Encontro Nacional pelo Direito à Comunicação (ENDC);
  • o Congresso Brasileiro de Agroecologia, com apresentação de trabalhos;
  • a COP e a Cúpula dos Povos;
  • o Encontro da Rede Nacional de Proteção a Jornalistas e Comunicadores
  • o AoIR, com apresentação de pesquisas em parceria internacional.

Pesquisas, publicações e lançamentos

O ano também foi marcado por lançamentos e pela ampla circulação de pesquisas e publicações estratégicas. Foi lançado o Diracom 2024, com a publicação distribuída em artigos, analisando o cenário da comunicação no ano passado.

Entre os destaques, estão:

  • a publicação do livro “Proteção de Dados Pessoais em Serviços de Saúde Digital”, em parceria com a Fiocruz e outras organizações;
  • o lançamento da cartilha sobre violência de gênero contra jornalistas, articulada na Paraíba, fortalecendo o enfrentamento às violações de direitos das mulheres na mídia;
  • E tivemos novos lançamentos das pesquisas “Vozes Silenciadas – Energias Renováveis”, realizado no Congresso Brasileiro de Agroecologia; e “Vozes Silenciadas – A cobertura da mídia sobre as leis de cotas”, em Porto Alegre, junto ao lançamento do livro Ecos de Búzios.
  • Lançamento do aplicativo “Do Quintal à Cozinha”, do projeto Mover-se Na Web, construído junto ao Movimento da Mulher Trabalhadora Rural de Sergipe

Formação e compartilhamento de saberes

Em 2025, o Intervozes realizou seu curso de formação em Salvador (BA), reunindo associadas e associados, além de integrantes de movimentos sociais parceiros. A formação consolidou-se como um espaço de troca, reflexão crítica e fortalecimento político em torno das tecnologias, da comunicação e da defesa de direitos.

Além do curso, o coletivo esteve presente em universidades, semanas acadêmicas, aulas, oficinas e eventos formativos em diferentes regiões do país, reafirmando o compromisso com a educação crítica para a mídia.

O Intervozes participou do CampTech Nós na Rede, encontro que reuniu mulheres e pessoas de gêneros dissidentes de diferentes regiões para troca de saberes sobre redes comunitárias, conectividade centrada em comunidades, segurança digital e tecnologias do cuidado.

Projetos do Funtesão: experimentação, território e comunicação

Em 2025, o Funtesão viabilizou projetos propostos por associadas e associados do Intervozes, fortalecendo iniciativas diversas, entre elas:

  • a produção do documentário “Vozes da Democracia”, que resgata a memória de jornalistas que atuaram durante a ditadura e o processo de redemocratização;
  • a realização de seminários e articulações sobre violência contra as mulheres no jornalismo, com desdobramentos em rede e propostas de observatórios;
  • a produção da temporada do podcast Cirandeiras – Cozinhas, articulando alimentação, território, cultura e luta política;
  • oficinas e formações do projeto Vozes em Ação, voltadas ao letramento midiático e à democratização da comunicação.

Comunicação e presença digital

Em 2025, o Instagram consolidou-se como a principal rede social do Intervozes. Os conteúdos publicados somaram mais de 13 milhões de visualizações, todas de forma 100% orgânica. Ao longo do ano, foram alcançadas 7,4 milhões de pessoas, com 737 mil interações, indicando um engajamento consistente e contínuo. O público é majoritariamente feminino (62%), concentrado na faixa etária entre 25 e 54 anos. Na comparação com perfis semelhantes, segundo dados da Meta, o crescimento do Intervozes foi 600% superior ao de outras páginas do mesmo campo.

É importante destacar que esses números se referem exclusivamente aos conteúdos publicados no perfil oficial do Intervozes. Muitos desses materiais são republicados, adaptados e utilizados por pessoas e organizações do campo progressista, ampliando ainda mais o alcance das mensagens. Esse impacto secundário não é mensurado pelas métricas disponíveis, mas permite afirmar que os conteúdos do Intervozes chegam, também por meio dessas redes, a milhões de pessoas.

Seguimos em movimento

Em 2025, o Intervozes seguiu afirmando a comunicação como direito humano fundamental. A produção de conhecimento, a incidência política, a formação, os projetos territoriais e a articulação em rede demonstram que a luta por uma comunicação democrática segue viva, coletiva e em permanente construção. Que venha 2026, junto com muita atuação e luta por uma sociedade mais democrática, inclusiva e com garantia de direitos universais.