O Intervozes participou de debates durante o evento, que reuniu diversos segmentos em Salvador para discutir os rumos da internet

De 26 a 30 de maio, Salvador sediou um dos mais importantes eventos de discussões sobre a internet: o Fórum da Internet no Brasil (FIB). Em sua décima quinta edição, o FIB reuniu participantes nacionais e internacionais dos segmentos acadêmico, governamental, empresarial e da sociedade civil. O coletivo Intervozes, presente desde a sua primeira edição do evento, esteve novamente no Fórum, participando das discussões e compondo mesas de debates.


De acordo com Ana Claudia Mielke, que integra a coordenação executiva do Intervozes, uma das principais características do encontro é a multissetorialidade, abrangendo diferentes perspectivas sobre a internet, considerando setores produtivos, técnicos, científicos e que atuam na defesa de direitos e políticas públicas. Ao comentar a importância do FIB, a jornalista afirmou que, em todo o mundo, vem ocorrendo ataques de grupos políticos conservadores e das próprias big techs contra espaços de governança multissetorial, “buscando esvaziar e deslegitimar esses espaços para impedir que a sociedade civil tenha voz na definição dos rumos da governança global da internet”.

Na atual edição, alguns debates se destacaram, como as ações de proteção de crianças e adolescentes em ambientes digitais, os programas de vigilância e reconhecimento facial, a conectividade significativa e a governança da internet. Durante a mesa “Para além das muralhas: vigilância urbana e direitos civis”, que contou com a relatoria de Ana Mielke, foi debatido o uso das tecnologias para fins de controle social, violação de direitos e reprodução do racismo.

Representado por Tâmara Terso, o Intervo

 

zes também compôs o painel “Tecendo redes: conectividade significativa e tecnologias comunitárias”. O debate girou em torno da produção tecnológica a partir dos territórios, com foco na autonomia digital em diálogo com as culturas e modos de viver das comunidades. Outras discussões que chamaram a atenção durante o encontro foram sobre a regulação das plataformas de streamings, os problemas desencadeados pela atuação das bets e questões ligadas à saúde mental e uso de smartphones.

O último dia do FIB também foi marcado pelas comemorações dos 30 anos de existência do Comitê Gestor da Internet no Brasil, pioneiro no país e que influenciou a criação de órgãos semelhantes ao redor do mundo. A valorização do Comitê e do próprio FIB vem acompanhada da defesa de espaços como esses, de fóruns locais e multissetoriais para incidir na governança global da internet.