Começa neste domingo (7), em Montréal, no Canadá, a 5a edição do Fórum Mundial de Mídia Livre (FMML). O evento, que vai até o dia 14 de agosto e integra a programação oficial do Fórum Social Mundial, reunirá centenas de ativistas a favor da liberdade de expressão e de outras formas de comunicação de todo o mundo. Consciente do papel da mídia livre no enfrentamento ao conservadorismo e a discursos reacionários em todo o planeta, assim como da importância da internet e das redes sociais como meios de informação e comunicação, o 5o FMML pretende ser um espaço para ricos debates e troca de experiências, e um lugar para a construção da convergência de lutas e propostas alternativas.

Desde sua primeira edição, em 2009, em Belém, o FMML tem reunido um número crescente de jornalistas, organizações da sociedade civil, hackers, desenvolvedores de software livre, pesquisadores e comunicadores populares e independentes, e ganhado espaço nas atividades do Fórum Social Mundial. O Intervozes é uma das organizações que integra o Comitê Internacional de organização do FMML. Em 2015, ao final da 4a edição, na Tunísia, os participates do FMML lançaram a Carta Mundial da Mídia Livre, um documento global com uma plataforma de lutas no campo das comunicações.

Além de fazer um balanço do caminho percorrido até aqui, esta edição do FMML também contará com painéis que debaterão quatro eixos centrais:

– Mídia livre 2.0: meios comunitários, digitalização e multiplataformas
– Segurança pra quem? O impacto da violência social e Estatal sobre a liberdade de expressão
– Autonomia e economica: sobrevivência e viabilidade dos meios e tecnologias livres
– Comunicação para os povos: descolonizar os meios e as tecnologias

Além disso, dezenas de atividades autogestionadas foram propostas por coletivos e movimentos dos mais diferentes países, organizadas em eixos como “marcos regulatórios para a promoção da diversidade, pluralidade e liberdade de expressão”; “o papel da mídia livre nas lutas populares enquanto ferramenta de expressão dos movimentos sociais”; “acesso à internet: um direito fundamental no século XXI”, “redes livres, software livre e luta contra o controle de massas na internet”; e “redes sociais: liberdade de voz ou discurso de ódio?”, entre outros. O programa completo do 5o FMML está disponível em https://www.fmml.net/IMG/pdf/fmml_wffm_2016_online_final_.pdf (em inglês/francês).

Todas as atividades do FMML acontecerão no território tradicional do povo Kanien’kehá:ka (mohawk), um dos povos originários do Canadá. Montreal é conhecida como Tiotia:ke no idioma Kanien’kehá:ka. Historicamente, este era um lugar de encontro para os diversos povos originários do país, especialmente os Anishnabe (algonquinos). Durante o FMML, todos/as serão convidados a conhecer melhor as lutas de resistência frente ao colonialismo e o papel dos meios neste processo.

O 5o Fórum Mundial de Mídia Livre também será transmitido ao vivo em inglês e francês por streaming. Confira os links da transmissão em www.fmml.net e acompanhe os debates direto de Montreal.

 


Vistos negados

Tendo sua primeira edição realizada num país do hemisfério norte, o Fórum Social Mundial enfrenta problemas na participação internacional antes mesmo do início das atividades. Cerca de 170 solicitações de vistos foram negadas pelas embaixadas do Canadá a ativistas que pretendiam viajar ao país para participar de mais um encontro deste processo, que teve início no Brasil, em 2001. Dez organizadores do Indymedia Africa tiveram seus pedidos de entrada no país negados. Quatro jornalistas nigerianos do veículo “Sahara Reportes” também. Idem para um jornalista de rádio de Ghana.

Do Brasil, o Canadá recusou o visto de um professor e comunicador popular que participa do Fórum Mundial de Mídia Livre desde a sua primeira edição, sendo responsável pela organização do Cine Medios Libres, que exibe documentários e filmes produzidos pela mídia alternativa internacional em cada edição do encontro.

Mesmo para quem obteve o visto, o processo foi extremamente burocrático, lento e exigiu uma enorme quantidade de documentos. Ativistas do Iraque sequer tentaram aplicar para os vistos, porque sabiam das dificuldades em obter a autorização e decidiram organizar uma atividade paralela em Baghdad durante o FSM.

Organizações de vários países do hemisfério sul cobram agora uma resposta do Comitê Local de Montreal, do Conselho Internacional do FSM e das autoridades do Canadá. A participação dos países do sul é fundamental se o Fórum Social Mundial quiser continuar sendo um espaço que possa discutir os desafios e buscar alternativas para os problemas que a maioria da população do mundo enfrenta atualmente.

* Com informações do IndyMedia.