Entidades questionam modelo de gestão da TV Pública
Por Intervozes em
Em reunião com assessores do ministro Franklin Martins, entidades ligadas ao movimento pela democratização da comunicação questionaram “conselho de personalidades” defendido pelo governo.
Em audiência com Delcimar Pires Martins e Eduardo Castro, assessores do Franklin Martins, representantes da Federação Interestadual dos Trabalhadores em Radiodifusão e Televisão (Fiitert), Central Única dos Trabalhadores (CUT), Associação Mundial de Rádios Comunitárias (Amarc), Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) e Intervozes entregaram uma carta com contribuições para gestão da nova TV pública. O documento reivindica que a gestão da TV Pública “deve funcionar com base na gestão democrática, plural e participativa”, destacando princípios e diretrizes, como a “pluralidade e diversidades cultural e social brasileiras, em especial os aspectos regional, de gênero, étnico-racial e de classe”. Outro ponto ressalta como fundamental a participação da sociedade na escolha dos representantes.
O governo, por sua vez, defendeu a idéia de conselho de personalidades. Os assessores citaram artistas como Jorge Furtado, Leci Brandão e MV Bill, para demonstrar aspectos de diversidade cultural. As entidades questionaram a representatividade dessas pessoas, além de alertarem para o risco de outro governo apresentar um conselho que defenda apenas seus interesses. A resposta a essa última questão foi: “é um preço”. As entidades questionam ainda a proposta do governo de indicar o presidente da empresa pública. De acordo com a proposta, o presidente da república indicaria diretores, que seriam aprovados pelo conselho. A reação dos movimentos foi imediata: “como vocês podem falar que a TV é pública se vocês indicam todos os conselheiros e o presidente?”.
Fórum de TVs Públicas Permanente – Outra reivindicação das entidades foi um espaço formal de diálogo com o conjunto dos atores que têm participado do debate, conforme indicado pela Carta de Brasília. Os assessores disseram que não havia necessidade de manutenção do espaço, pois o presidente Lula “tem legitimidade para apresentar a proposta, já que teve 60 milhões de votos”.
Programação em rede – A concepção de rede da TV também foi debatida. De acordo com João Brant, representante do Intervozes, não houve discordância dos movimentos em relação a este ponto. A idéia do executivo é fazer uma proposta às TVs educativas estaduais, de maneira que elas possam fazer parte da rede pública da TV Brasil e a ter acesso às políticas públicas específicas para o setor. Elas também participariam de um conselho de programação que vai, numa perspectiva horizontal, definir o que será essa programação ‘nacionalizada e simultânea’. Eles esperam que sejam de 10 a 12 horas diárias de programação simultânea, composta por programas de diferentes cantos. Além desse tempo de programação simultânea, a proposta é que os programas de todas as emissoras sejam disponibilizados para que as outras possam, em seus horários ‘locais’, também veicular materiais de outras emissoras.
Canais públicos – Questionados sobre o apoio às emissoras universitárias, comunitárias e legislativas, os assessores responderam: “a TV Brasil não é comunitária, nem legislativa, nem universitária. As parcerias diretas serão com as empresas educativas. O governo quer apoiar campo público, mas este campo está fragmentado. Não estamos focados nas universitárias, comunitárias e legislativas, por enquanto”.
Veja aqui a íntegra do documento entregue aos assessores.
Veja aqui a proposta do Intervozes para a gestão da TV Pública.