Intervozes, FNDC e MPF criticam arrendamento das grades de programação de TV em audiência pública realizada na Câmara
Por Intervozes em
“Essas práticas, que são ilegais, devem ter no Judiciário um controle”, defendeu o Procurador Regional da República e coordenador do Grupo de Trabalho de Comunicação Social do Ministério Público Federal (MPF), Domingos Sávio Dresch. A declaração foi feita durante a audiência pública realizada no dia 5 de agosto, na Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática (CCTCI) da Câmara dos Deputados, para discutir as práticas de subconcessão, arrendamento ou alienação a terceiros promovida por concessionários de rádio e TV sem autorização.
De acordo com Dresch, além de ser ilegal, esse tipo de prática “desnatura por completo a figura da concessão; esvazia, se houvesse por vontade política, a possibilidade de se realizar a fiscalização dessa concessão”.
A defesa do representante do MPF no debate reafirma a decisão do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que solicitou e aprovou o parecer do jurista Fábio Konder Comparato contra essas práticas. Segundo esse entendimento, o direito concedido de prestar serviço de radiodifusão não seria um bem patrimonial suscetível de negociação pelo concessionário no mercado.
Para a coordenadora do Intervozes, Bia Barbosa, que também participou da audiência, mesmo que a questão seja compreendida como “venda de tempo de programação”, a ilegalidade persistiria, visto que ultrapassa o limite de 25% do total da grade, autorizado pelo Código Brasileiro de Telecomunicações.
De acordo com o levantamento feito pela entidade, algumas emissoras chegam ao extremo de ter 92% do seu tempo de programação vendido, como o Canal 21 (do Grupo Bandeirantes). Há casos também de emissoras maiores que ampliaram a venda da grade nos últimos anos. De 2008 para 2014, a RedeTV, saltou de 32% para 50% o total do arrendamento da sua programação.
TEMPO DE PROGRAMAÇÃO VENDIDO PARA PROGRAMAS RELIGIOSOS E PARA PUBLICIDADE
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EMISSORA
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BANDEIRANTES
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REDE TV!
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TV GAZETA
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Rede 21
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RECORD
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Tempo total de programação vendido (estimado)
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40 horas e 27 minutos por semana
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53 horas e 50 minutos por semana
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45 horas por semana
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154 horas por semana (22 horas por dia)
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42 horas por semana
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Percentual do tempo de programação vendido
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24,07%
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32,04%
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26,78%
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91,66%
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25%
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TEMPO DE PROGRAMAÇÃO VENDIDO PARA PROGRAMAS RELIGIOSOS E PARA PUBLICIDADE
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EMISSORA
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BANDEIRANTES
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REDE TV!
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TV GAZETA
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Rede 21
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RECORD
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Tempo total de programação vendido (estimado)
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32 horas por semana
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83 horas e 50 minutos por semana
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38 horas e 30 minutos por semana
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154 horas por semana (22 horas por dia)
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35 horas por semana
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Percentual do tempo de programação vendido
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19%
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50%
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23%
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92%
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21%
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A representante do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), Rosane Bertotti, criticou a ausência de instrumentos mais específicos para responsabilizar as emissoras. “Faltam regras claras para essa punição”, afirmou. Além disso, a representante do movimento que luta pelo direito à comunicação criticou o Ministérios das Comunicações, que, embora convidado, não esteve presente na audiência pública.
As Organizações Globo, representadas pelo seu vice-presidente de Relações Institucionais, Paulo Tonet, defenderam que qualquer subconcessão seja feita com a expressa anuência do poder concedente – no caso, o governo federal e o Congresso brasileiro
A audiência pública foi proposta pela deputada Luiza Erundina (PSB-SP). Além do Ministério das Comunicações, também não atenderam ao convite representantes das associações de empresas de radiodifusão e de diferentes emissoras de TV.
*Com informações da Agência Câmara Notícias.