Polêmica entre Conar e Alana questiona os limites da autorregulamentação
Por Intervozes em
Depois de encaminhar denúncia ao Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar), ONG que defende os direitos das crianças é desrespeitada.
Bia Barbosa, membro da Conselho Diretor do Intervozes, escreveu uma nota ao painel do leitor da Folha, publicada no último dia 15, em resposta ao editorial do jornal. Para ela, “a autorregulação é bem-vinda, mas tem limites”, sendo assim o Estado deve intervir em casos como, por exemplo, o de defesa dos direitos das crianças. Além disso, Bia criticou a atuação do Conar que “demonstrou que interesses regem a sua atuação, como no recente e desrespeitoso parecer feito ao Instituto Alana”.
A polêmica fez com que em julho o Conar reabrisse o caso contra a propaganda do Mc Donalds. O Instituto Alana, no entanto, considera que houve demora na reabertura do caso inviabilizando possíveis repreensões. Além disso, a entidade não reconhece a legitimidade do conselho e não enviará mais denúncias ao órgão. Em nota, a assessoria do Alana reiterou às críticas ao Conar: “entendemos que uma autorregulamentação como essa de fato não protegerá a infância brasileira dos abusos comerciais”.
Confira aqui o parecer do Conar e a denúncia do Instituto Alana.
Veja o editorial do jornal Folha de São Paulo
Nota do Intervozes no jornal Folha de São Paulo
FOLHA DE S. PAULO – PAINEL DO LEITOR – 15/07/2011
Lamentável o editorial “Proibição infantil” (Opinião, 11/7), defendendo o Conar como único mecanismo de controle de abusos nas propagandas. O órgão já demonstrou que interesses regem a sua atuação, como no recente e desrespeitoso parecer feito ao Instituto Alana. Diferentemente do que disse a Folha, o órgão é formado por agências e anunciantes, e não por entidades de defesa do consumidor. Estas, aliás, têm criticado a omissão do Conar diante de anúncios que ignoram o Código de Autorregulação. O que a Folha chama de paternalismo nada mais é que o dever do Estado, previsto na Constituição, de zelar pelos direitos das crianças. A autorregulação é bem-vinda, mas tem limites. A restrição da publicidade infantil foi aprovada por consenso pelo empresariado na Conferência Nacional de Comunicação. No momento em que se discute um novo marco regulatório para as comunicações, esperamos que o Estado não se furte ao seu dever de proteger as crianças.
BIA BARBOSA, membro do Conselho Deliberativo do Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social (São Paulo, SP)
Fonte: Ana Rita Cunha, para o Intervozes.