A 1ª Conferência Nacional Livre de Comunicação em Saúde acontece de 18 a 20 de abril, em Brasília, com a participação de dezenas de entidades da sociedade civil, entre elas o FNDC.

O Fórum participou dos debates preparatórios à 1ª Conferência Nacional Livre de Comunicação em Saúde em diversos estados. A partir desses debates, a entidade elaborou uma carta com dez propostas que serão apresentadas aos participantes do evento, que será aberta nesta terça (18/4), em Brasília. Convocada pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS), a conferência discutirá, entre os dias 19 e 20, estratégias de democratização do acesso da população a informações sobre saúde. O evento reunirá jornalistas, radialistas, blogueiros, coletivos de mídia, assessores de imprensa, gestores do SUS, representantes do controle social da saúde, do Congresso Nacional e do Ministério Público.

Renata Mielli, coordenadora-geral do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), ressalta a relevância da conferência. “A mídia produz um discurso hegemônico que desqualifica o serviço público como um todo, mas isso fica mais evidente quando se trata da saúde”, observa. Para ela, a luta em defesa da liberdade de expressão e do direito de acesso à informação é complementar à luta pelo direito universal à saúde.

Renata é uma das debatedoras convidadas para a mesa “O SUS na Sala de Aula”, junto com o deputado Federal Jean Wyllys (PSol-RJ) e a diretora-executiva do Instituto Patrícia Galvão, Jacira Melo. Ela afirma que é preciso construir uma rede de iniciativas que dialoguem em defesa da saúde pública. “O discurso da mídia comercial encobre as mazelas do sistema privado de saúde e exalta dos equipamentos privados como a melhor saída para os problemas do SUS. É uma fala coordenada com os interesses empresariais que atuam no setor da saúde. Desconstruir isso é urgente e fundamental para que a população possa entender a saúde como um direito e passe a ampliar as vozes dos que estão há anos lutando por ele”.

Também estão integradas nesse debate organizações que compõem a Coordenação Executiva do FNDC, como o Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé e o Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social, além da Central Única dos Trabalhadores.

Na sexta-feira, 21, última mesa de debate da 1ª Conferência Nacional Livre de Comunicação em Saúde, serão apresentadas algumas experiências de coletivos de comunicação. Os convidados/as para o debate são Marina Pitta, do Intervozes,Pablo Capilé, do Mídia Ninja, e Bruno César Dias, do Abrasco Divulga. A mediação será realizada porCharô Nunes do blog Blogueiras Negras.

mesa 6

Resumo das propostas do FNDC

1) Defesa de uma comunicação pautada nos princípios do SUS, como universalidade, equidade, integralidade, descentralização e participação.

2) Defesa da democratização dos meios de comunicação de massa no Brasil.

3) Defesa da comunicação pública e, em especial, da retomada do caráter público da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), como estratégia central para o exercício da liberdade de expressão dos diferentes segmentos de nossa sociedade.

4) Garantia dos canais públicos de televisão previstos no Decreto nº 5.820, que instituiu o Sistema Brasileiro de Televisão Digital, e manutenção do Canal Saúde no sinal aberto digital, com a implementação de mecanismos e estruturas que garantam a gestão democrática e participativa da programação destes canais.

5) Defesa da universalização do acesso à internet banda larga no Brasil.

6) Defesa do princípio da privacidade, previsto no Marco Civil da Internet, e de uma lei de proteção de dados pessoais que garanta aos usuários/as do SUS que sua privacidade não seguirá sendo explorada e usada para atender aos interesses econômicos das empresas de saúde.

7) Defesa da regulamentação da publicidade dirigida às crianças e de produtos que possam colocar a saúde em risco (tabaco, agrotóxicos, medicamentos, álcool, alimentos etc).

8) Defender a responsabilização, com a retirada de recursos publicitários governamentais, de veículos que publiquem notícias que induzam à automedicação.

9) Fomentar espaços de participação direta da população nos pontos da rede de saúde.

10) Defesa de estratégias de comunicação em saúde por parte do SUS e sua rede.

Leia a Carta do FNDC aos participantes da Conferência Nacional Livre de Comunicação em Saúde