A Argentina foi palco do principal encontro de midiativistas da América Latina. O Facción aconteceu entre 13 e 15 de julho em Avellaneda, na região metropolitana de Buenos Aires, e reuniu diversos coletivos que atuam pelo direito à comunicação e pela produção midialivrista.

Do Brasil partiu uma caravana com 50 pessoas, de diversos estados, boa parte colaboradoras do Mídia Ninja, um dos organizadores do encontro. No total, cerca de 400 participantes, sobretudo do Brasil, Argentina, Uruguai e Chile estiveram no Facción.

O Intervozes também esteve representado pelo jornalista Alex Hercog, que foi um dos convidados da mesa de debate “O meio é a mensagem: novas narrativas na Comunicação hegemônica e alternativa”. Os participantes da mesa, em sua maioria midialivristas, falaram sobre as agendas atuais de cada coletivo e o contexto político e midiático de cada país.

Alex destacou alguns pontos de luta do movimento pela democratização da comunicação: a regulamentação dos meios; a distribuição de verbas públicas de publicidade; a disputa com as teles para garantir a privacidade e neutralidade da rede, além de ampliar o acesso à internet para a população; o fortalecimento da comunicação pública; além da importância da comunicação como estratégia para articular as lutas dos movimentos sociais.

“Apresentei algumas medidas do governo Temer, como a intervenção ilegal na EBC e o favorecimento às teles, em detrimento ao interesse público. Mas também não pude deixar de destacar algumas negligências do governo Lula e Dilma, como a não tentativa em se criar um marco regulatório, ao contrário do que ocorreu em outros países da América Latina, além da concentração de verbas publicitárias nas mãos das poucas empresas privadas que controlam o mercado midiático – a exemplo da rede Globo – e que não possuem nenhum compromisso com a democracia”, afirmou Alex.

O debate também discutiu a necessidade de novas linguagens, mais criativas e originais, para além das utilizadas pelos meios hegemônicos; além de destacar a importância da comunicação no contexto de violência que atinge os países latino-americanos.

Para Alex, é preciso que o midiativistas também se apropriem de linguagens de humor e entretenimento para contribuir com uma transformação de valores culturais. Por fim, Alex respondeu à provocação sobre a questão da violência. “Sou de Salvador, uma cidade que mata cerca de sete jovens negros por dia; um país que viola uma mulher a cada cinco minutos e que produz chacinas contra indígenas e trabalhadores rurais. É para enfrentar esse tipo de violência que o midiativismo tem que estar à disposição”, concluiu.

Além das mesas de debate, os três dias de programação do Facción contaram com oficinas, intervenções artísticas e de rua, além do intercâmbio cultural e político entre os diversos participantes.

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