Referência na luta pela democratização da comunicação, Valério Brittos falece aos 48 anos

É com muita tristeza que nós do Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação recebemos a notícia do falecimento de Valério Cruz Brittos, ocorrido nesta sexta-feira (27), aos 48 anos.
Formado em Jornalismo e Direito, mestre em Comunicação Social e doutor em Comunicação e Cultura Contemporâneas, o gaúcho – natural de Pelotas – aliou sua vasta produção acadêmica à luta pela democratização da comunicação no país, sempre se posicionando a favor do diálogo com a sociedade civil e da construção de uma comunicação mais plural e inclusiva. No campo teórico, sua atuação ganhou repercussão internacional ao integrar o grupo de pensadores latino-americanos que implementou uma revisão crítica da Economia Política da Comunicação, superando a tese determinista de que o subdesenvolvimento é etapa prévia ao desenvolvimento no sistema capitalista e substituindo-a pelo conceito de que ambas são, na verdade, etapas simultâneas (a desigualdade é intrínseca ao funcionamento do sistema).
Atualmente, Valério Brittos exercia as funções de professor titular no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), de pesquisador do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), consultor da Rede de Economia Política das Tecnologias da Informação e da Comunicação (Eptic), vice-presidente da Unión Latína de Economía Política de la Información, la Comunicación y la Cultura (Ulepicc-Federação), diretor administrativo da Confederação Ibero-Americana das Associações Científicas e Acadêmicas de Comunicação (Confibercom), representante no Cone Sul da Asociación Latinoamericana de Investigadores de la Comunicación (Alaic) e coordenador dos grupos de pesquisa Economia Política da Informação, Comunicação e Cultura, da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares de Comunicação (Intercom), e Comunicação, Economia Política e Sociedade (Cepos), vinculado ao PPG em Ciências da Comunicação da Unisinos.
Em meio às atividades como docente, também presidiu o Capítulo Brasil da União Latina de Economia Política da Informação, da Comunicação e da Cultura (Ulepicc), coordenou o grupo de trabalho de Economia Política e Políticas de Comunicação da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação (Compós) e integrou o Conselho Consultivo da Intercom. Como pesquisador, sua obra dedicava-se principalmente à investigação da televisão, convergência tecnológica, políticas públicas de comunicação e das estratégias de inclusão sócio-digital no capitalismo reconfigurado. Entre os seus interesses, estavam os de mapear a força social da televisão e a repercussão sobre seu formato tradicional a partir do início da operação da tv digital, principalmente no que diz respeito às possibilidades de adoção de lógicas não comerciais e de transmissão de conteúdos novos, inclusive tele-educação e telegoverno, de forma a denunciar as desigualdades sociais e incentivar a construção de uma sociedade mais solidária. Para isso, investigava as implicações na comunicação das questões inerentes ao capitalismo em seus aspectos econômicos, políticos, culturais e sociais, tais como a mobilização social frente às dinâmicas de regulamentação do setor, os impactos da digitalização sobre a concentração de propriedade no mercado da televisão e sobre as demandas de inclusão social, os movimentos de (suposta e efetiva) interatividade e inovação e os debates em torno de perspectivas de espaço público.
Prestamos nossa solidariedade à família neste momento de profundo pesar.
Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação