Intervozes participa da Festa Camponesa realizada pela Via Campesina em Rondônia
Por comunicainter em
Aconteceu, entre os dias 27 e 29 de junho, a oitava edição da “Festa Camponesa”, organizada pela Via Campesina. Com o tema “Ecologia Integral e Justiça Climática! Por terra, território e soberania popular na Amazônia”, o encontro reuniu mais de 500 pessoas em Jaru – cidade de 50 mil habitantes e que fica a cerca de 300 km de Porto Velho e a 80 km de Ji-Paraná.
Além da feira de alimentos saudáveis, a Festa Camponesa contou com debates políticos e análises de conjuntura. Membro do coletivo Intervozes, Alfredo Portugal compôs a equipe de comunicação do encontro e aproveitou a oportunidade para apresentar o “Vozes Silenciadas – Energias Renováveis” e o relatório “Amazônia Livre de Fake”, publicações lançadas pelo Intervozes em 2024.
O relatório é resultado de um projeto realizado em parceria com organizações da Amazônia e mapeou páginas e perfis nas redes sociais que disseminam discursos de ódio e desinformação na região, além de promover campanhas de enfrentamento e denúncia. Já o Vozes Silenciadas foi uma pesquisa coordenada por Alfredo Portugal e Nataly Queiroz, que analisou a cobertura da mídia sobre a transição energética no Brasil.
As publicações levadas por Alfredo ao encontro dialogam com a realidade de Rondônia, estado ameaçado pelo avanço do agronegócio e pela exploração ilegal do garimpo. Os estudos apontam para o papel da comunicação, tanto dos veículos de rádio e TV, quanto das plataformas geridas pelas big techs, na promoção desses setores e no silenciamentos de vozes dissonantes.
A Festa Camponesa também foi um espaço de intercâmbios, a exemplo da troca de sementes entre os camponeses e camponesas presentes – o momento mais aguardado do evento. Na última edição do encontro, em 2023, foram trocadas cerca de 350 sementes crioulas. De acordo com Alfredo, esse acontecimento é especial, pois “essas sementes carregam uma história, de conservação, de uso, desde os antepassados dessas famílias, que carregam também a manutenção daquela variação genética, adaptada ao lugar”.
A valorização das sementes crioulas e a celebração do encontro através do intercâmbio entre produtores e produtoras rurais é também uma defesa à política de preservação da vida, pautada na produção de alimentos saudáveis, em contraponto ao modelo do agronegócio. “A cultura de preservação e troca das sementes crioulas vai no sentido de proteção da vida e dos alimentos não apenas para nossas gerações, mas para as futuras”, conclui Alfredo.