No Fórum Social Mundial, no Senegal, o Coletivo Intervozes participou de debates e articulações com entidades que lutam pelo direito à comunicação no mundo.

O Intervozes participou, de 6 a 11 de fevereiro, em Dacar, no Senegal, da 11ª edição do Fórum Social Mundial. O evento reuniu mais de 50 mil participantes, de 120 países, e foi marcado pelas revoluções em curso em países do norte da África, como a Tunísia e o Egito. O primeiro dia do FSM foi todo dedicado ao debate sobre a diáspora e a resistência do povo negro. O Intervozes, que integra a Comissão de Comunicação do FSM, participou da organização de duas atividades sobre o tema e também da Assembléia de Convergência pelo Direito à Comunicação, realizada no último dia do Fórum.No dia 8, o seminário proposto pelo Intervozes, Ciranda (Brasil), ALAI – Agência Latino Americana de Informação, Ritimo (França), Amarc África – Associação Mundial de Rádios Comunitárias, Pambazuca (Senegal) e E-Joussour (Marrocos) debateu o contexto internacional da luta pelo direito à comunicação, apresentou uma série de experiências de comunicação alternativa em diferentes continentes e apontou para a construção de alianças em torno da luta por uma mídia mais plural, democrática e que dê voz aos setores marginalizados. Mais de 100 pessoas participaram do seminário, que também foi transmitido pela internet e acompanhado por militantes em dez cidades da França.

No dia 9, o seminário proposto por Ciranda, Intervozes, FemNet (Tanzânia) e MayFirst People Link (Estados Unidos) discutiu a comunicação compartilhada em tempos de Wikileaks, e contou com a presença do sociólogo português Boaventura de Sousa Santos. A íntegra da fala de Boaventura pode ser acessada aqui.

A Assembléia de Convergência pelo Direito à Comunicação aconteceu no dia 11 de fevereiro, e reuniu cerca de 150 pessoas, de 50 entidades, com representantes de todos os continentes. A Assembléia levantou contribuições de ações concretas e aprovou uma declaração final pelo direito de informar e de ser informado (leia íntegra do textoaqui).

Outra resolução importante foi a da realização da segunda edição do Fórum Mundial de Mídia Livre em 2012. A primeira edição aconteceu em 2009, antes do início do Fórum Social Mundial em Belém. Uma das possibilidades é organizar o evento em paralelo às mobilizações da Conferência Rio+20, agendada para maio do ano que vem no Rio de Janeiro. Já há uma série de mobilizações previstas por movimentos que participam do processo FSM para esta ocasião. Organizações do Maghreb (norte africano) já apontaram inclusive para a realização de um Fórum de Mídia Livre na região Maghreb-Machrek (Oriente Médio) na sequência do evento mundial em 2012.

“A realização de uma Assembléia de Convergência sobre comunicação foi fundamental para que este debate ganhasse mais espaço no FSM. O desafio de incorporar o tema enquanto assunto estratégico para o conjunto dos movimentos que participam do Fórum, no entanto, ainda é grande, tanto que pontuamos este desafio na declaração final como um dos nossos objetivos”, disse Bia Barbosa, que representou o Intervozes em Dacar. “Mas neste Fórum vimos que a luta pelo direito à comunicação, apesar das especificidades de cada país, aponta para uma direção comum, que é garantir acesso aos meios de comunicação e liberdade de expressão efetiva para todos os setores sociais. Se os desafios são comuns, fortalece a perspectiva de ação conjunta, seja em relação aos Estados ou às grandes corporações midiáticas”, acrescentou.

A Assembléia aprovou a criação de uma lista de discussão para a continuidade das ações. O primeiro passo será montar um comitê organizador do FMML.

Do movimento de comunicação brasileiro também marcaram presença em Dacar a Ciranda Internacional da Comunicação Compartilhada, Revista Fórum, Coletivo Soylocoporti, Altercom e Carta Maior. Também aconteceram nesta edição do FSM o Fórum de Rádios e o Fórum de TVs.